Cetur cria Grupo de Trabalho Turismo de Fronteira
Iniciativa da CNC reúne representantes dos 11 estados fronteiriços para debater desafios do turismo de fronteira
O Brasil tem mais de 15 mil km de áreas de fronteira com dez países vizinhos – Argentina, Bolívia, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela – que representam desafios políticos, estruturais e territoriais. Com a intenção de promover o turismo como fator de integração e desenvolvimento no espaço de fronteira, o Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) reuniu representantes das Federações do Comércio (Fecomércio) dos 11 estados brasileiros que possuem regiões de fronteira para a criação do Grupo de Trabalho (GT) Turismo de Fronteira. A reunião de formação do GT, realizada na quarta-feira, dia 15 de agosto, no Rio de Janeiro, teve a intenção de trocar experiências e identificar iniciativas que podem ser promovidas de forma conjunta. “Todas as ações serão estruturadas em cima de dois vetores: integração e turismo. Hoje contextualizamos os territórios e verificamos o que nos identifica e nos torna unos para o enfrentamento das dificuldades”, afirmou Walkiria Capusso, responsável pela curadoria do GT Turismo de Fronteira.
O secretário executivo do Cetur, Eraldo Alves da Cruz, fez um histórico da abordagem do tema pelo Conselho da Confederação. “A CNC, ciente do interesse das Federações, já realizou discussões e promoveu seminário sobre o tema, além da edição especial da revista Turismo em Pauta, sobre os desafios do turismo nas fronteiras”, lembrou. Segundo Eraldo, o GT vai possibilitar a formação de uma rede de trabalho com intercâmbio de boas práticas entre as Fecomércios, fomentar a cooperação e a formulação de estratégias de desenvolvimento do turismo de fronteira. Ele falou ainda das últimas ações do Cetur, como as publicações Turismo em Debate, sobre os temas: economia colaborativa, turismo esportivo e aviação, e da entrega do documento da cadeia produtiva do turismo –Turismo: + desenvolvimento+ emprego+ sustentabilidade, com propostas do setor aos presidenciáveis.
Resultados esperados
O GT já tem mais duas reuniões agendadas para os dias 23 de outubro e 28 de novembro, e um dos resultados esperados nessa primeira fase do GT, ainda em 2018, é gerar um indicativo e norteador de políticas públicas para o turismo de fronteira. “Se pudermos, nessa primeira etapa, ter um documento focado em políticas públicas para os estados e para as federações trabalharem, já estaremos dando um passo importante”, destacou Capusso. Para Nilde Brun, representante da Fecomércio do Mato Grosso do Sul, a criação do Grupo de Trabalho pode trazer maior impacto às ações já realizadas. “Para a Fecomércio-MS, essa união tem a possibilidade de minimizar custos e aumentar a efetividade”, afirmou.
O Cetur pretende ainda que o GT incentive ações como a realização de diagnóstico dos destinos, suas potencialidades e fragilidades. E, na reunião de criação do grupo, foi feito um breve raio x da situação de cada estado. Paulo Rogério Tadros, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Amazonas, representou a Fecomércio-AM na reunião e apontou a falta de continuidade de políticas públicas como um problema constante que afeta o empresariado do turismo e faz com que boas iniciativas se percam. “Temos uma enorme área de fronteira com três países, com acessos complicados, em regiões onde não existem cidades e não temos voos. Como se faz turismo sem acesso? Esse Grupo é uma grande oportunidade para unir esforços e conhecimentos, identificar os problemas para buscar soluções, porque sozinhos não vamos avançar”, defendeu Paulo Tadros.
Demandas apresentadas por regiões
Divididos em Arco Sul, que englobou os Estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina; Arco Norte, com os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima; e Arco Central, com Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – conforme distribuição efetuada pelo Grupo de Trabalho Interfederativo (GTI) sobre Integração Fronteiriça do Governo Federal –, os representantes das diferentes áreas apresentaram sugestões de ação.
Questões relacionadas à necessidade de incremento da malha aérea foram apontadas com destaque pelos estados do Arco Central e do Arco Norte. O desenvolvimento da malha terrestre no Arco Norte também se apresentou como uma necessidade e integração do Norte com o resto do País. O Arco Central apontou como prioritário o debate sobre a Lei nº 13.097/15, a Lei da Imigração, para implementação de melhorias diante das questões enfrentadas com o aumento da imigração nas fronteiras com a Venezuela. Para o Arco Sul, a política desenhada tem que ter maior participação dos empresários e ações que trabalhem o fluxo turístico em razão do regionalismo.
As questões levantadas buscam destravar a economia, integrar o turismo e dar um direcionamento à ocupação das fronteiras. “Temos que olhar potencialidade e fragilidades para avançar. Vemos estados com potencial que focam só nas dificuldades e precisamos virar esse jogo”, concluiu a curadora do GT, Walkiria Capusso.
Além das federações já citadas, estiveram presentes: Augusto Jorge Joy Colares, da Fecomércio-PA; Sebastião Giraldelli, representando a Fecomércio-MT; Egídio Garo, representante da Fecomércio-AC; Gilmar Marra, da Fecomércio-AP; Cileide de Macedo Pereira, da Fecomércio-RO; João Eduardo Moritz, da Fecomércio-SC; Manuel Suárez, da Fecomércio-RS; Maria Yolanda Hebster Neta, da Fecomércio-RR; e Rodrigo Sepulcri Rosalem, da Fecomércio-PR.
Fonte Site CNC